Por meio do Decreto Municipal nº 403/2019, o tombamento do Casarão Rosa foi homologado, declarando-o como patrimônio cultural de Campos Altos, devido ao seu valor histórico e arquitetônico.
A Residência, situada à Rua Cornélia Alves Bicalho, 253 – Centro, conhecido como Casarão Rosa ou Casarão da família Franco, compõe o acervo arquitetônico da primeira expansão urbana da cidade de Campos Altos. Encontra-se nas adjacências do ex-educandário Dom Alexandre (atual sede da Prefeitura Municipal), Escola Estadual Deiró Borges e Igreja Matriz Santa Terezinha, edificações de relevância histórica e cultural para o Município.
A história do Casarão da família Franco, uma das mais tradicionais de Campos Altos, está intimamente ligado ao surgimento da Cidade. O patriarca da família, o Cel. Frederico Alves Franco, imigrante de São Gotardo, foi precursor na fundação do povoado de Urubu que originou Campos Altos. Logo após a inauguração da Estação Ferroviária, em 1912, nas terras da fazenda Palestina, pela estrada de Ferro Goyaz, o Coronel Franco comprou boa parte das terras próximas à edificação do Cel. Manuel de Paula Lemos, conhecido como Neca de Paula. Constitui a fazenda Barreiro, abriu loteamentos e os vendeu, fato que atraiu migrantes do Sul de Minas, das proximidades, impulsionando o crescimento ao redor da estação.
O pequeno povoado se consolidou entre os anos de 1912 e 1920, abrigando estabelecimentos comerciais de gêneros alimentícios, tecidos e calçados, uma pensão e casas civis, com destaque para o casarão do Cel. Frederico Franco. No período pós Primeira Guerra Mundial, principalmente, o povoado de Campos Altos viveu um período de grande expansão urbana, como a construção das casas do Mestre de Linha e do médico Dr. Luiz de Souza Coelho, importante líder político local. A partir dos anos 1920, a Estação Ferroviária foi rebatizada com o nome de Campos Altos, agora pertencente à Estrada de Ferro Oeste de Minas. Consequentemente, esse ficou sendo o nome do recém-povoado. Em 1938, o crescimento do povoado justificou a sua elevação a Vila de Campos Altos e pouco depois, a Distrito. Na década seguinte, em 1943, ocorre a tão sonhada emancipação política do Município.
No âmbito da fazenda Barreiro foi construída pelos membros da família Franco a Casa localizada à Rua Cornélia Alves Bicalho, 253, considerada como uma das sedes da referida propriedade rural. Na pesquisa cartorial realizada nas Comarcas de Ibiá e Campos Altos foram identificados, a partir da década de 1960, alguns registros da Fazenda Barreiro e da Residência, em destaque, realizados pelos seus proprietários. Em 02 de setembro de 1960, o Oficial do Registro de Imóveis da Comarca de Ibiá/MG, Fernando Portella, certifica o registro relacionado à Fazenda Barreiro, trata-se de uma doação da senhora, Maria Rita Franco, viúva de José Franco (Juca Franco) aos seus herdeiros: José Franco Sobrinho, Antônio Franco, João de Resende Franco, Maria Franco de Campos, Isaura Franco da Silveira, e Jurecê Franco Baroni. Posteriormente, em 22 de abril de 1964, o Oficial do Registro de Imóveis da Comarca de Ibiá, Fernando Portella, certifica a divisão amigável de parte da Fazenda Barreiro para o herdeiro, Antônio Franco. A Oficiala do Registro de Imóveis da Comarca de Ibiá, Marcia de Paiva Reis Tomelin, certifica o registro, datado de 16 de outubro de 1964, referente à Fazenda Barreiro, e ruas São Gotardo, Getúlio Portela e Liberdade de área de 102,75,00 ha de terras de campos, no valor de Cr$ 68.000,00 cruzeiros. Trata-se de uma divisão amigável da Fazenda, e ainda, alguns lotes sendo o herdeiro, o senhor, José Franco sobrinho, filho do casal, José Franco e Maria Rita Franco.
A partir da análise das certidões citadas anteriormente é possível inferir que a divisão da gleba em pequenos lotes é significativa para o município de Campos Altos, pois esse foi um dos fatos que determinou o traçado urbano que caracteriza a primeira expansão urbana da cidade, correspondente hoje à região norte e nordeste da referida localidade.
Conforme consta na escritura de 1976, matrícula nº 748, Livro 2C, no Cartório de Imóveis de Ibiá/MG, Rita Machado Franco herdou de José Franco Sobrinho, seu esposo, em 11 de novembro de 1976, uma gleba de terras, uma Residência com frente para a rua Cornélia Alves Bicalho, nº 253, garagem, casinha de serviço, barracão com curral de taboas, situadas na fazenda Barreiro. Após a morte do marido, a Senhora Rita continua morando na casa com seus filhos.
A gleba de terras, descrito na matrícula nº 748, herdado por Rita Franco Machado, foi loteado em 06 de junho de 1977, subdividido em quadras e lotes, dando origem ao bairro Santa Terezinha, de acordo com a planta da Prefeitura Municipal, aprovada em 14 de setembro de 1977 – dividido em 106 quadras. Os lotes começaram a ser vendidos em 1977 continuando até meados dos anos de 1990.
Em 27 de setembro de 1995, a Oficiala do Registro de Imóveis da Comarca de Ibiá, Marcia de Paiva Reis Tomelin, certifica por certidão da Prefeitura Municipal de Campos Altos e ofício do inventariante Frederico Franco que a Casa (situada na Rua Cornélia Alves Bicalho, 253) deixada por Rita Machado Franco faz parte do loteamento registrado em cartório do bairro Santa Terezinha da quadra 47, com 6.164,17m² e parte da quadra 58 com 6.090, 30m². Assim o quintal da casa constante da planta do loteamento é formado pelas quadras 57 e parte da 58, constituindo uma área total de 12.256, 47m².
Na partilha do patrimônio deixado por Rita Machado Franco, referente ao loteamento bairro Santa Terezinha, em 19 de setembro de 1995, Maria Amélia Franco Ferreira Silva, Euler Franco Júnior, José Franco Neto, José Esmerino Franco, Ângela Denise Franco e Ana Cristina Franco herdaram vários lotes das quadras (02, 04, 09, 24, 25, 26, 27, 45, 46, 47, 48, 59, 81, 82, 89, 90, 91, 92). Frederico Franco (filho da Sra Rita Machado Franco) torna-se dono de diversos lotes pertencentes às quadras (05, 06, 07,10,28, 29, 30, 31,41, 42, 43, 44, 59, 66, 80, 81, 82, 89), em 14 de abril de 1996. Julieta Franco Figueiredo (filha da Sra Rita Machado Franco), em 02 de dezembro de 1996, ganha diferentes terrenos das quadras (01, 02, 03, 04, 08, 13, 14, 16,17, 18, 19, 20, 59, 68, 67, 78, 81, 82, 89), segundo consta em escritura do Cartório de Registro de Imóveis Registro Geral de Ibiá, referenciados nos seguintes livros: (Livro 2-PA, Fls nº 107), (Livro 2-QA, fls nº 98 e 260), (Livro 2-QA, 2-AS, Fls nº 260).
Em 20 de agosto de 2002, de acordo com testamento deixado por Rita Machado Franco e Carta de Adjudicação extraída em 01 de agosto de 2001, processo nº 2.208/93, da Secretaria da única Vara Civil da Comarca de Ibiá, conforme sentença de 15 de setembro de 1995, a Residência, situada na rua Cornélia Alves Bicalho, nº 253, bem como seu terreno anexo, constituído pela Quadra 57 e parte da 58 passa a pertencer, sua filha, Julieta Franco Figueiredo, viúva, herdeira única. O registro do imóvel em questão foi transferido para o Cartório de Imóveis da Comarca de Campos Altos/MG, em 26 de junho de 2003.
Segundo consta na certidão do imóvel, no Cartório de Imóveis de Campos Altos, Livro Nº 3 – Registro Geral, AV-01-494, AV-02-494, por meio do decreto municipal nº 32/2003, de 09 de junho de 2003, foi aprovado o desmembramento da unificação do terreno correspondente à quadra 57 e parte da 58 e a planta cadastral do Loteamento Santa Terezinha. Com a finalidade de realização de obra de infraestrutura, como: instalação de meio fio, rede de esgoto sanitário, rede de água potável, financiada pela Prefeitura Municipal. Foi acrescido uma nova denominação à área desmembrada, Quadra 58-B, subdivida em três blocos (A, B e C), contendo 26 lotes totalizando uma área de 7.515,69m².
Por fim, a oficiala do Registro de Imóveis da Comarca de Campos Altos, Mônica Resende Souto, certifica em 10 de novembro de 2009 a delimitação da Residência com seu respectivo terreno urbano, com área total de 2.086,80m².
Atualmente, em função do falecimento da então proprietária Julieta Franco Figueiredo, em 28 de junho de 2015, o imóvel foi deixado para um dos filhos da falecida, Antônio Carlos Franco Figueiredo, conforme relatado pelo próprio herdeiro.
Provavelmente construída entre 1925 e 1950, o Casarão Rosa apresenta partido arquitetônico predominante retangular, de pavimento único, cobertura em telhado cerâmico, de telhas do tipo francesas, com varanda que se estende por duas das quatro fachadas e tem recuo significativo da frente do lote. Possui características da arquitetura rural e elementos ornamentais de influência Art Déco. Na fachada frontal e lateral esquerda há várias coroadas com arco pleno que ladeiam a varanda, permitindo uma boa visibilidade da rua e da cidade. Internamente quartos e sala de estar possuem piso em tábuas corridas. As áreas molhadas e a sala de jantar apresentam piso em ladrilho hidráulico e lajota. O forro é em de madeira, pintados na cor branca.